domingo, 19 de dezembro de 2010

RECEITA DE ANO NOVO


Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Que seja um belo ano novo, de muito trabalho e muitas realizações.

Náysa & Penha
Coordenadoras
GEEMPA / Guarapari

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Como saber se Tiririca está alfabetizado?

Como saber se Tiririca está alfabetizado?


Esther Pillar Grossi
Doutora em Psicologia da Inteligência
pela Universidade de Paris


É pelo menos intrigante, para não dizer incompreensível, o que vem acontecendo com um cidadão que foi eleito deputado federal e sobre o qual paira a interrogação se é ou não alfabetizado, condição para exercer tal mandato legislativo.
O que não se pode compreender é que a avaliação para concluir se Tiririca é ou não alfabetizado seja feita por juízes eleitorais.
A quem cabe decidir se alguém é ou não portador de alguma enfermidade?
A quem cabe julgar se uma obra de engenharia está ou não de acordo com as exigências técnicas requeridas?
A quem cabe avaliar se alguém é ou não alfabetizado?
É incrível que para esta avaliação não seja chamado um profissional conhecedor das sutilezas do processo de alfabetização. O juiz que agora afirma que Tiririca é alfabetizado porque apresenta “um mínimo de intelecção do conteúdo de um texto, apesar da dificuldade na escrita”, assim como o que inicialmente concluiu por sua incompetência para ler e escrever, não são profissionais habilitados para emitir tais julgamentos.
Estar alfabetizado exige que qualquer pessoa seja capaz de ler e de escrever um texto com características bem definidas, conhecidas por quem é da área. É imprescindível ler e compreender o conteúdo de um determinado texto, que cuidadosamente é preparado para essa avaliação. E é indispensável ser capaz de escrever também, de próprio punho, um texto, não um ditado proposto por outra pessoa. O texto escrito só será satisfatório para considerar-se alguém alfabetizado se uma pessoa medianamente instruída conseguir compreender o que o escrevente escreveu. Alfabetizado só o é quem consegue compreender idéias de outro postas no papel e quem consegue pôr no papel ideias suas, com princípio, meio e fim, pois isto é produzir um texto.
Este é o critério definido pela UNESCO para caracterizar a competência que permite considerar alguém alfabetizado.
Para avaliar esta competência há exigências e estratégias didáticas próprias, há modos estudados e testados para fazê-lo, e há profissionais preparados para tanto.
Confesso que não só tive vontade de me apresentar para avaliar Tiririca, como, mais do que isto, desejei ter disponibilidade para me prontificar a alfabetizá-lo, caso não o seja. Para tal, menos de três meses são necessários, com metodologia científica muito nova, que se apóia no pós-construtivismo. De acordo com esta metodologia ele deveria ser inserido em uma turma de no mínimo 12 alunos, porque aprendizagem escolar é um fenômeno social e só bem se realiza no interior de um grupo de colegas que persigam juntos os mesmos conhecimentos. A alfabetização acontece numa turma de alunos orientada para que percorra um processo muitíssimo interessante, o qual compreende hipóteses construídas a partir do contato com atos e materiais de escrita, isto é convivendo com pessoas que lêem e escrevem, assim como dispondo de livros, revistas, jornais, cartas, listas, cartazes, rótulos, etc... É fácil dar-se conta que estes contatos não são corriqueiros para quem é oriundo de ambiente onde estão os 50 milhões de adultos analfabetos com os quais ainda convivemos no Brasil. Cabe à escola, nesses casos, compensar a ausência desses contatos nas famílias, o que concretamente é possível.
A avaliação da competência na leitura e na escrita deve levar em conta uma síntese muito particular de três habilidades diferentes e complementares, que são a de associar sons a letras, a de ler e a de escrever. Aprender a ler e a escrever é semelhante a compreender e/ou falar uma língua estrangeira. Pode-se compreender sem falar ou até pode-se conseguir falá-la sem compreender quando outros falam, porque um e outro são processos diferentes, que não são simultâneos, nem paralelos. Somente quando se logra esta síntese de ler e de escrever é que se está alfabetizado, e para sempre. A perenidade desta alfabetização se deve ao fato de que nosso sistema nervoso registra tais sínteses, que são esquemas de pensamento. Nosso cérebro não acolhe conceitos isolados, ele só acolhe e registra campos conceituais, isto é um conjunto de elementos que se fecham num sistema de relações. Aquilo que não é registrado no organismo não tem como permanecer nele com estabilidade, isto é, não é verdadeiramente aprendido.
Portanto, avaliar se alguém está ou não alfabetizado é tarefa de profissional da área, que conhece os meandros do complexo processo pelo qual se passa para dominar a magia da escrita.
Felizmente, é isto que estão fazendo centenas de professores, no Rio Grande do Sul, dentro do projeto “Alfabetização de alunos com seis anos”, e milhares no Brasil, dentro do “Programa de Correção de Fluxo Escolar”, do MEC, ambos realizados pelo Geempa. Neles, os alunos são avaliados rigorosamente, com instrumento cientificamente qualificado e, felizmente, com excelentes resultados. Nesta excelência está o contingente de nosso estado que, neste ano de 2010, conseguiu alfabetizar todos os seus alunos, os quais comemorarão tal conquista em uma festa de premiação, dia 18 de dezembro, no Teatro São Pedro, em Porto Alegre.
Portanto, não se pode saber se Tiririca é ou não alfabetizado, a não ser que ele seja avaliado por profissional que conheça por dentro como se dá o processo de alfabetização e que saiba como se evidenciam os critérios estabelecidos pela UNESCO para considerá-lo alfabetizado.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Assessoria

No próximo dia 27 e 28 de outubro de 2010 acontecerá nossa próxima Assessoria no Hotel Hostess em Vila Velha. Aguardamos a presença de todas.
Até lá!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dia de Estudo Coletivo

Atenção professoras...

No próximo dia 21 de outubro de 2010 estaremos reunidas na EMEIEF "Lúcia Sasso Bandeira" sendo cada professor no seu turno. Materiais comprobatórios da 1ª etapa deverão ser entregues pelos coordenadores.
Até lá!!!

sábado, 16 de outubro de 2010

Mensagem 15 de outubro

Oração do Professor

Dai-me, Senhor, o dom de ensinar,

Dai-me esta graça que vem do amor.

Mas, antes do ensinar, Senhor,

Dai-me o dom de aprender.

Aprender a ensinar.

Aprender o amor de ensinar.

Que o meu ensinar seja simples, humano e alegre, como o amor.

De aprender sempre.

Que eu persevere mais no aprender do que no ensinar.

Que minha sabedoria ilumine e não apenas brilhe

Que o meu saber não domine ninguém, mas leve à verdade.

Que meus conhecimentos não produzam orgulho,

Mas cresçam e se abasteçam da humildade.

Que minhas palavras não firam e nem sejam dissimuladas,

Mas animem as faces de quem procura a luz.

Que a minha voz nunca assuste,

Mas seja a pregação da esperança.

Que eu aprenda que quem não me entende

Precisa ainda mais de mim,

E que nunca lhe destine a presunção de ser melhor.

Dai-me, Senhor, também a sabedoria do desaprender,

Para que eu possa trazer o novo, a esperança,

E não ser um perpetuador das desilusões.

Dai-me, Senhor, a sabedoria do aprender.

Deixai-me ensinar para distribuir a sabedoria do amor .

Evangelize!!!!!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

3ª Assessoria Geempa

" É com imensa alegria que comunicamos a data de mais uma assessoria, será nos dias 27 e 28 de outubro no HOSTESS HOTEL em Vila Velha. " (Maristela)
Os professores que estão encerrando as aulas devem levar os documentos comprobatórios da alfabetização: uma produção escrita de texto de cada aluno e uma filmagem de leitura. Aqueles que estão em pleno trabalho deverão levar os mesmos materiais das assessorias anteriores:
  • os gráficos de escada da tarefa de escrita das quatro palavras e uma frase da Aula-entrevista, assinalando os alunos que não avançaram e destes, análise das tarefas de leituta do nome e da associação letra-som;
  • os registros de frequencia dos alunos nas aulas;
  • os mapas dos grupos áulicos;
  • dois textos: um sobre o dia de aula mais pós-construtivista e outro sobre os alunos que aprenderam mais e menos entre a última assessoria e esta.

Está sendo enviado também uma ficha que deve ser preenchida com nome completo e idade de cada aluno que participa ou participou do Programa Correção de Fluxo (mesmo os que foram transferidos e/ou evadidos)

Esta ficha deverá ser assinada pelo coordenador municipal do programa e entregue na assessoria.

Preparem-se e animem-se para mais essa etapa de troca de experiências e aprendizagem. Até...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

2ª Etapa

Expectativa grande para nossa 2ª etapa. Iniciaremos no próximo dia 20 de setembro, com força total as novas turmas.
Avante Geempa Guarapari. Os resultados da primeira etapa foram significativos.
Parabéns a todas!!!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Dia de Estudo Coletivo

Olá professoras, vamos nos reunir num coletivo dia de estudo nesta próxima quinta-feira (19/08) na EMEF "Pedro Juvenal" 8h e 14h.
Não esqueçam os materiais necessários e pedidos... Até lá.
Náysa e Penha

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Geempa

O Geempa iniciou em março de 2010 em Guarapari em parceria com o Mec nas ações do PAR um curso de formação de professores do Programa do Ministério da Educação de Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização. Este programa visa alfabetizar alunos a partir do 2º ano do Ensino Fundamental que ainda não sabem ler, no contraturno ao das turmas regulares às quais elas fazem parte.

Em todo o Brasil são 249 municípios que estão sob a responsabilidade do Geempa, neste programa, beneficiando 203.089 alunos. Cada município assina um termo de compromisso atualizando sua adesão, o que garante um curso de 120 horas para todo professor alfabetizador composto de um curso inicial e três assessorias, além de um rico material didático para apoiar a ação docente. Neste material consta 8 livros para os professores, 3 Cadernos Didáticos para cada aluno, jogos, baralhos e alfabetos móveis.

Apesar de obter 39 anos de pesquisa e atuação, a metodologia do Geempa, surge como algo inovador, proporcionando muitas provocações na teoria e prática do docente. Segundo a Drª Esther Pillar Grossi, educadora brasileira que fundou o Geempa, coordenou a realização de inúmeras pesquisas sobre questões do Ensino e da Aprendizagem, incluindo especialmente a construção de atividades didáticas que produzissem efeitos reais de rendimento escolar, é preciso desconstruir antigos processos, para restaurar a qualidade da prática pedagógica.

Professores de sete municípios do estado já estiveram, presentes no curso inicial de 05 dias e uma assessoria de 2 dias em nosso município e estiveram reunidas mais uma vez nestes dias 06 e 07 de agosto, em uma 2ª assessoria em Santa Maria de Jetibá para analisar e avaliar a metodologia proposta e turmas já formadas.

Esther Pillar Grossi, que é conhecida por pintar seus cabelos de várias cores, afirma que é mais fácil ter coragem de mudar a cor dos cabelos, do que mudar a educação e a política, tarefa na qual está profundamente engajada.

O município de Guarapari conta hoje com 21 turmas de Alfabetização e 07 turmas de Pós alfabetização Geempiano em várias escolas, que já demonstram graficamente o grande avanço de seus alunos em apenas 33 dias letivos, graças à inovadora maneira do aprender como seres plurais, o aprender com o outro e o educador como emancipador-provocador da aprendizagem, levando em consideração a interação social na sala de aula, a família e a escola enquanto diferenças necessárias e o papel da agressividade no ato de aprender. E fundamentalmente, esta inovação só será efetiva se ela concretizar a confiança de que “a construção dos conhecimentos é possível para todos, de que todos somos inteligentes. Não como consequência, mas como princípio democrático, como ponto de partida de um ensino justo e igualitário.” (Grossi, 2007)

Náysa Taboada
Coord. Municipal Geempa


Materiais Geempa









segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Documentação para Assessoria...

Bom dia professores!

Vimos alegremente dizer, que aguardamos por vocês nos dias 06 e 07 de agosto, para assessoria em Santa Maria do Jetibá. Aproveitamos também, para encaminhar a lista de materiais que vocês devem levar para estudarmos o que está sendo realizado nesse maravilhoso trabalho através do Programa de Correção de Fluxo GEEMPA/MEC.

Materiais:

- Escadas das aprendizagens;
- Lista de presença dos alunos;
- Texto com um relato individual com o melhor e o pior dia de aula, e o que foi planejado para esses dias;
-Texto individual falando sobre o aluno que aprendeu mais e o que aprendeu menos, e quais as intervenções realizadas;
- Mapa da localização dos alunos na sala de aula, nos grupos áulicos e os níveis em que estavam no início e agora;
- Produções escritas dos alunos e aulas-entrevistas caso tenham dúvidas para analisar;
- Relato das reuniões de estudos, dias, horário, local, relato do que estudaram e dúvidas.
Um forte abraço a todos e até lá!
Profª Adriana Natalio

segunda-feira, 26 de julho de 2010

ASSESSORIA Stª Mª de Jetibá

Atenção professoras...

... Nos próximos dias 06 e 07 de agosto estaremos em mais uma Assessoria do Geempa no Município de Santa Maria de Jetibá.

Animem-se.

Em breve postagem do cronograma.


OBS: Lembramos que é Indispensável a presença de todas as professoras na Assessoria.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nova Turma GEEMPA - Alfabetização

O município de Guarapari conta com mais uma nova turma do GEEMPA - Alfabetização que iniciará logo após o recesso escolar, na EMPEF "Lúcio Rocha de Almeida". Desejamos a turma sucesso em sua aprendizagem. Avante!!!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

2ª Aula Entrevista Pós-Alfabetização

Texto produzido a partir da história “O dono da bola” (do livro Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias, de Ruth Rocha)

O dono da bola

Caloca é um amigo legal, mas nem sempre foi assim, não. Antigamente ele era o menino mais enjoado de toda a rua. E não se chamava Caloca, o nome dele era Carlos Alberto.

Caloca morava na casa mais bonita da rua e seus brinquedos os mais legais. Ele só não tinha amigos, porque brigava com todo mundo e não deixava ninguém brincar com os seus brinquedos.

Mas futebol ele tinha que jogar com a turma, porque futebol não se pode jogar sozinho.
O time de futebol estava cheio de amigos. O que não tinha era a bola de futebol. Só uma bola de meia, mas não é a mesma coisa.

Bola boa é de couro, como a do Caloca. Mas toda vez que ele jogava acontecia a mesma coisa. Era só o juiz apitar falta do Caloca, que ele logo gritava dizendo que não jogaria mais, pegava sua bola e voltava para casa.

E, assim, Carlos Alberto acabava com tudo que era jogo. A coisa começou a complicar mesmo, quando o time resolveu entrar no campeonato do bairro. O treino precisava ser com bola de verdade para ninguém acha estranho na hora do jogo. Só que os treinos nunca chegavam ao fim.
Catapimba, que era o secretário do clube, resolveu fazer uma reunião para procurar uma solução para o caso do Carlos Alberto. Vermelhinho de raiva, Caloca disse que não jogaria mais naquele time e saiu pisando duro, com a bola debaixo do braço.

Todas as vezes que Caloca fazia isso, ele acabava voltando e dando um jeito de entrar no time de novo. Mas, daquela vez, o time estava decidido. Ele até veio ver os treinos, mas ninguém ligou. Ninguém disse nada.
Carlos Alberto tentou jogar com o time da rua de cima, mas lá não conseguiu se adaptar. A primeira vez que ele quis carregar a bola no melhor do jogo se deu muito mal... O time inteiro correu atrás dele e ele só não apanhou porque se escondeu na casa do Batata.

Então Carlos Alberto resolveu jogar bola sozinho. Batia bola com a parede. Talvez a parede fosse o único amigo que ele tinha. Mas não deve ter achado muito divertido jogar com a parede. Depois de três dias Carlos Alberto não aguentou mais e apareceu no campinho, querendo voltar para o time.

Como a condição para seu retorno, não bastaria emprestar a bola. Caloca precisava dar bola para o time de uma vez. Mas ele não concordou, pensando que eles estavam lhe achando bobo.
E Carlos Alberto continuou sozinho. Mas já não estava gostando de estar sempre sozinho.
No domingo convidou Xereta para brincar com seus brinquedos, que mesmo espantado aceitou o convite. Na segunda e na terça chamou mais meninos para brincar.

Na quarta apareceu no treino, com a bola debaixo do braço, mas dessa vez foi diferente. O time todo ficou admirado com a decisão do Caloca em dar a bola para o time, de verdade!
Os treinos recomeçaram animadíssimos. O final do campeonato estava chegando e precisavam recuperar o tempo perdido.

Carlos Alberto estava outro, foi uma grande transformação, jogava direitinho e não criava caso com ninguém.

A mudança teve um significado muito importante para o time. O Estrela-d’Alva Futebol Clube conseguiu ganhar o campeonato e todo mundo se abraçou.

Carlos Alberto agora é chamado de Caloca e tem muitos amigos.
Palavras:

(1) animadíssimos
(2) estrela
(3) daquela vez
(4) sozinho
(5) pensando
(6) treino
(7) transformação
(8) adaptar
(9) Admirado
(10) significado

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Dinomir na Copa do Mundo

Por ocasião desta Copa do Mundo,muitos professores estão elaborando atividades didáticas sobre os jogos na África do Sul. Complementamos sua criatividade com a pequena história trabalhada na aula de Denise Paiva Gravi de Dom Pedrito/RS com o Dinomir, personagem clássico de alunos do GEEMPA.
Obs: História e glossário disponível na página: Dinomir vai a copa.

Estudos Geempianos II 2010

Dia 13 de junho na sede do GEEMPA, em Porto Alegre, vinte e nove professores se reuniram para aprofundar conhecimentos sobre ensino e aprendizagem. O primeiro tema abordado foram as relações entre arte-cultura e educação. E o segundo objeto de estudo foram fragmentos do livro de Jacques Ranciére – O mestre ignorante. Os fragmentos seguem abaixo:

(1) O problema é revelar uma inteligência a ela mesma. Qualquer coisa serve para fazê-lo. É Telêmaco. Pode ser uma oração ou uma canção que a criança ou o ignorante saiba de cor. Há sempre alguma coisa que o ignorante sabe e que pode servir de termo de comparação, ao qual é possível relacionar uma coisa nova a ser conhecida.

(2) Quem ensina sem emancipar, embrutece. E quem emancipa não tem que se preocupar com aquilo que o emancipado deve aprender. Ele aprenderá o que quiser, nada, talvez. Ele saberá que pode aprender porque a mesma inteligência está em ação em todas as produções humanas, que um homem sempre pode compreender a palavra de um outro homem. O impressor de Jacotot tinha um filho que era débil mental. Todos se preocupavam por não poder fazer nada a respeito. Jacotot lhe ensinou o hebraico e a criança tornou-se um excelente litógrafo. O hebreu, é evidente, jamais lhe serviu para nada – a não ser para saber o que as inteligências mais bem dotadas e mais instruídas ainda ignoravam, e não se tratava do hebraico.

(3) Não se trata de um questão de método, no sentido de formas particulares de aprendizagem, trata-se de uma questão propriamente filosófica: saber se o ato mesmo de receber a palavra do mestre – a palavra do outro – é um testemunho de igualdade ou de desigualdade. É uma questão política: saber se o sistema de ensino tem por pressuposto uma desigualdade a ser “reduzida” ou uma igualdade a ser verificada. É por isto que o discurso de Jacotot é o mais atual possível.

(4) Ele preveniu: a distância que a Escola e a sociedade pedagogizada pretendem reduzir é aquela de que vivem e que não cessam de reproduzir. Quem estabelece a igualdade como objetivo a ser atingido, a partir da situação de desigualdade, de fato a posterga até o infinito. A igualdade jamais vem após, como resultado a ser atingido. Ela deve sempre ser colocada antes. A própria desigualdade social já a supõe: aquele que obedece a uma ordem deve, primeiramente, compreender a ordem dada e, em seguida, compreender que deve obedecer-lhe. Deve, portanto, ser já igual a seu mestre, para submeter-se a ele. Não há ignorante que não saiba uma infinidade de coisas, e é sobre este saber, sobre esta capacidade em ato que todo ensino deve se fundar. Instruir pode, portanto, significar duas coisas absolutamente opostas: confirmar uma incapacidade pelo próprio ato que pretende reduzi-la ou, inversamente, forçar uma capacidade que se ignora ou se denega a se reconhecer e a desenvolver todas as consequências desse reconhecimento. O primeiro ato chama-se embrutecimento e o segundo, emancipação. No alvorecer da marcha triunfal do progresso para a instrução do povo, Jacotot fez ouvir esta declaração estarrecedora: esse progresso e essa instrução são a eternização da desigualdade. Os amigos da igualdade não têm que instruir o povo, para aproximá-lo da igualdade, eles têm que emancipar as inteligências, têm que obrigar a quem quer que seja a verificar a igualdade de inteligências.

(5) Bastaria dizer à inteligência que dormita em cada um: Age quod agis, continua a fazer o que fazes, “aprende o fato, imita-o, conhece-te a ti mesmo, é a marcha da natureza”. Repete metodicamente o método do acaso que te deu a medida de teu poder. A mesma inteligência está em ação em todos os atos do espírito humano. Este é, no entanto, o salto mais difícil. Quando necessário, todos praticavam esse método, mas ninguém está pronto a reconhecê-lo, ninguém quer enfrentar a revolução intelectual que ele implica. O círculo social, a ordem das coisas, proíbe que ele seja reconhecido pelo que é: o verdadeiro método pelo qual cada um aprende e pelo qual cada um descobre a medida de sua capacidade. É preciso ousar reconhecê-lo e prosseguir a verificação aberta de seu poder. Sem o que, o método da impotência, o Velho, durará tanto quanto a ordem das coisas.

(6) Mestre é aquele que encerra uma inteligência em um círculo arbitrário do qual não poderá sair se não se tornar útil a si mesma. Para emancipar um ignorante é preciso e suficiente que sejamos, nós mesmos, emancipados; isto é, conscientes do verdadeiro poder do espírito humano. O ignorante aprenderá sozinho o que o mestre ignora, se o mestre acredita que ele o pode, e o obriga a atualizar sua capacidade: círculo da potência homólogo a esse círculo da impotência que ligava o aluno ao explicador do velho método (que denominaremos, a partir daqui, simplesmente de Velho). Mas a relação de forças é bem particular. O círculo da impotência está sempre dado, ele é a própria marcha do mundo social, que se dissimula na evidente diferença entre a ignorância e a ciência. O círculo da potência, quanto a ele, só vigora em virtude de sua publicidade. Mas não pode aparecer senão como uma tautologia, ou um absurdo. Como poderá o mestre sábio aceitar que é capaz de ensinar tão bem aquilo que ignora quanto o que sabe? Ele só poderá tomar essa argumentação da potência intelectual como uma desvalorização de sua ciência. E o ignorante, por sua vez, não se acredita capaz de aprender por si mesmo – menos, ainda, de instruir um outro ignorante. Os excluídos do mundo da inteligência subscrevem, eles próprios, o veredicto de sua exclusão. Em suma, o círculo da emancipação deve ser começado.

(7) Há embrutecimento quando uma inteligência é subordinada a outra inteligência. O homem – e a criança, em particular – pode ter necessidade de um mestre, quando sua vontade não é suficientemente forte para colocá-la e mantê-la em seu caminho. Mas, a sujeição é puramente de vontade a vontade. Ela se torna embrutecedora quando liga uma inteligência a uma outra inteligência. No ato de ensinar e de aprender há duas vontades e duas inteligências. Chamar-se-á embrutecimento à sua coincidência. Na situação experimental criada por Jacotot, o aluno estava ligado a uma vontade, a de Jacotot, e a uma inteligência, a do livro, inteiramente distintas. Chamar-se-á emancipação à diferença conhecida e mantida entre as duas relações, o ato de uma inteligência que não obedece senão a ela mesma, ainda que a vontade obedeça a uma outra vontade.

(8) As duas estão, sobretudo, presas no círculo da sociedade pedagogizada. Elas atribuem à Escola o poder fantasmático de realizar a igualdade social ou, ao menos, de reduzir a “fratura social”. Mas este fantasma repousa, ele próprio,sobre uma visão da sociedade em que a desigualdade é assimilada à situação das crianças com retardo. As sociedades do tempo de Jacotot confessavam a desigualdade e a divisão de classes. A instrução era, para elas, um meio de instituir algumas mediações entre o alto e o baixo: um meio de conceder aos pobres a possibilidade de melhorar individualmente sua condição e de dar a todos o sentimento de pertencer, cada um em seu lugar, a uma mesma comunidade. Nossas sociedades estão muito longe desta franqueza. Elas se representam como sociedades homogêneas, em que o ritmo vivo e comum da multiplicação das mercadorias e das trocas anulou as velhas divisões de classes e fez com que todos participassem das mesmas fruições e liberdades. Não mais proletários, apenas recém-chegados que ainda não entraram no ritmo da modernidade, ou atrasados que, ao contrário, não souberam se adaptar às acelerações desse ritmo. A sociedade se representa, assim, como uma vasta escola que tem seus selvagens a civilizar e seus alunos em dificuldade a recuperar. Nestas condições, a instrução escolar é cada vez mais encarregada da tarefa fantasmática de superar a distância entre a igualdade de condições proclamada e a desigualdade existente, cada vez mais instada a reduzir as desigualdades tidas como residuais. Mas a tarefa última desse sobre-investimento pedagógico é, finalmente, legitimar a visão oligárquica de uma sociedade-escola em que o governo não é mais do que a autoridade dos melhores da turma. A estes “melhores da turma” que nos governam é oferecida então, mais uma vez, a antiga alternativa: uns lhe pedem que se adapte, através de uma boa pedagogia comunicativa, às inteligências modestas e aos problemas cotidianos dos menos dotados que somos; outros lhe requerem, ao contrário, administrar, a partir da distância indispensável a qualquer boa progressão da classe, os interesses da comunidade.

(9) A igualdade, ensinava Jacotot, não é nem formal nem real. Ela não consiste nem no ensino uniforme de crianças da república nem na disponibilidade dos produtos de baixo preço nas estantes de supermercados. A igualdade é fundamental e ausente, ela é atual e intempestiva, sempre dependendo da iniciativa de indivíduos e grupos que, contra o curso natural das coisas, assumem o risco de verificá-la, de inventar as formas, individuais ou coletivas, de sua verificação. Essa lição, ela também, é mais do que nunca atual.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Alfabeto enfurecido

O alfabeto só pode estar enfurecido no mundo, mas muito especialmente no Brasil. Quantas pessoas não podem usá-lo? Para quantos o alfabeto não diz nada? Eles são cegos para a escrita. Eles não podem entrar nos jogos com as letras do alfabeto? E, no Brasil, adultos são 50 milhões. E crianças, são 3 milhões que em cada final de ano letivo não conseguem a maravilha de juntar as letras. O alfabeto tem que enfurecer-se.


Oportuníssimo é o título da exposição que está na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Ele se casa bem com a de Helio Oiticica, que está no Espaço Cultural do Banco Itaú em São Paulo, cujo título é “O museu é o mundo”. Que se complementa com a afirmação também de Oiticica de que “a arte é a experiência cotidiana”. A arte é, ao lado da ciência, uma tentativa de nos entender e de entender o mundo. Porém, a arte, em relação à ciência, leva uma vantagem – a de que toca nossos afetos, nos afeta emocionalmente, ao mesmo tempo em que explica.


Uma exposição de dois artistas muito próximos a nós, Mira Schendel, quase brasileira, e Leon Ferrari, vizinho de porta, porque é argentino, cheia de letras e de escritos, com este título: “O Alfabeto Enfurecido” se associa magnificamente aos 40 anos do Geempa, ONG que tem no centro de suas ações o intento de acalmar o alfabeto, ensinando a ler e a escrever a muitos. Quem se alfabetiza doma o alfabeto, isto é, transforma um animal selvagem domesticando-o. Quem se alfabetiza acalma literalmente o alfabeto enfurecido. É assim que os analfabetos percebem as letras – como um monstro enfurecido que as ameaça, porque eles não as entendem, mas, principalmente, porque, por sua falta, eles estão por fora de um veículo de comunicação estupendo que é a escrita.


Associa-se à exposição de Ferrari e Mira o filme de Chabrol, no qual uma moça francesa mata a família para a qual trabalha, quando na família se descobre que ela não sabe ler. Não saber ler é uma experiência dolorosa e profunda de solidão, porque condena à não participação na riqueza das conversas que só a letra escrita proporciona. Neste momento, é muito gratificante coordenar vários esforços, de governantes nacionais, estaduais e municipais para abrir as portas da escrita a mais de 200.000 alunos. Comemorando seus 40 anos o Geempa é convocado pelo MEC, pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul e ainda por vários municípios para capacitar alfabetizadores que realmente ensinem a ler e a escrever em um período letivo. Pois é importantíssimo alfabetizar durante um período letivo, no contexto de uma experiência coletiva fazendo parte de uma turma de alunos. O alfabeto enfurecido ainda se enfurece mais para alunos que não se alfabetizam em um período letivo. É um terrível engano pedagógico, sob o pretexto de que a aprendizagem seria um processo contínuo, pensar que a alfabetização pode ocorrer nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental. Cristalinamente não, por sólidas razões científicas, tanto teóricas como práticas. A alfabetização ocorre em um período letivo, por razões muito concretas. Escolha-se, então, em que idade se pretende alfabetizar – aos 6 ou aos 7 anos – mas organize-se a alfabetização para um período letivo, pois:

os processos de aprendizagem não são individuais

os processos de aprendizagem não são contínuos

o sofrimento de não aprender não é sentido somente quando o aluno é oficialmente reprovado. Ele o vive agudamente durante todo o processo.

Tudo isto adquire ainda mais sentido quando se consegue alfabetizar em quatro meses, como estão fazendo milhares de professores no Brasil, no Programa de Correção de Fluxo Escolar na Alfabetização, baseando-se no suporte teórico pós-construtivista.


Concreta e felizmente eles estão apaziguando o Alfabeto Enfurecido.


Esther Pillar Grossi
Doutora pela Universidade de Paris

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Assessoria do GEEMPA em Guarapari

A 1ª Assessoria do GEEMPA do Estado ocorreu no Município de Guarapari em 31 de maio e 01 de junho de 2010. Estavam presentes: Anchieta, Cariacica, Ecoporanga, Guaçuí, Stª Maria de Jetibá, Ponto Belo e Guarapari.
Presença da Drª Esther Pillar Grossi

terça-feira, 25 de maio de 2010

Assessoria

Chegou a hora de nos encontrarmos novamente. A assessoria acontecerá em GUARAPARI nos dias 31 de maio e 01 de junho na FACULDADE PITÁGORAS ( Rod. Governador Jones dos Santos Neves, 1.000 - Lagoa Funda- Guarapari - ES.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Carta Profª Esther para Assessoria

Porto Alegre, 10 de maio de 2010

Querida(o) colega

Aproxima-se a Assessoria do Geempa aos professores, que como tu, estão implementando uma didática e uma pedagogia muito diferentes do que até hoje acontece nas escolas. Não é fácil inovar no campo do ensino-aprendizagem, porque se é alvo de múltiplas reações contrárias que partem de colegas, de dirigentes, de pais e até de alunos.
Isto não se faz sem sofrimento, mas nem por isso acontece sem prazer. Temos que dar um salto entre nossa vontade de mudar, provocados pelo novo e a possibilidade efetiva de por em prática, na sala de aula, esta mudança.
Como fazê-lo?
Além dos estudos, nos Cursos e nas Assessorias, contamos com um precioso dispositivo de ajuda para concretizar esta mudança que são as reuniões semanais de estudo com o grupo de colegas, que estão, como tu, com “a batata quente na mão” do desafio de ensinar de verdade a muitos, se possível a todos os alunos de uma turma.
Estou lendo encantada um livro de Claudine Blanchard-Laville, francesa, professora de matemática e psicanalista que tem como título “Os professores – entre o prazer e o sofrimento”. E ela nos reforça à página 121 quando, escrevendo sobre Grupo de Estudos semanais, enfatiza a necessidade de garantir a sua regularidade, em um confortável período de tempo (no mínimo duas horas, em cada semana) com a participação de todos, o tempo todo, cada um alimentando o grupo com os depoimentos pessoais de seus pensamentos e afetos. Com seus afetos, mais do que com seus sentimentos, isto é, com aquilo que nos “afeta”, quer dizer, com o que nos provoca dor ou prazer e que faz parte da tríade – amor, ódio e conhecimento.
O grupo de estudos semanal nos ajuda a descobrir-nos. Trata-se de uma especial aprendizagem, uma aprendizagem sem ensino, porque nela não há professor, apenas um coordenador, igual a nós, parceiro na responsabilidade de reger uma turma. Somos todos no grupo “mestres ignorantes”, na expressão de Jacotot. É ali que podemos experimentar as riquezas das aprendizagens que os alunos podem fazer nos seus grupos áulicos, entre pares, a qual como apontou Piaget , é mais eficaz, em certos momentos, do que as aprendizagens dirigidas pelos professores, com o peso de suas autoridades. No grupo de estudos cada um de nós é remetido à sua própria trajetória, com o objetivo de abrir-nos novas pistas de sentido para nossa ação docente.
Mas, aprendizagem é um fenômeno vivo que está ameaçado o tempo todo, devendo, portanto, ser instaurado e reinstaurado continuamente. Estar aprendendo e estar ensinando tem as exigências da própria vida, daquilo que requer energias sempre novas e surpreendentes, para o bem ou para o mal. Pois, se aprender dá prazer, também provoca sofrimento e por isso, nós oscilamos, permanentemente, entre prosseguir ou recuar. Recuamos quando, ao invés de tentar compreender porque estamos sofrendo, nos paralisamos fazendo queixas. O grupo de estudos é um lugar precioso para a transformação das queixas em pensamentos e afetos a fim de que sigamos em frente, honrando a chance que o estar vivo nos proporciona.
Aguardando o momento de nos reencontrar na Assessoria enviamos a lista de documentos que deve ser preparada e levada para ela. A partir destes documentos poderemos analisar e compreender melhor o que devemos fazer para que nossos alunos aprendam muito, o que certamente é teu desejo.

Com um abração,

Esther Pillar Grossi

Programa de Assessoria

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ATENÇÃO

Reunião Geral no próximo dia 14 de maio de 2010 - 6ª feira

Local: Semed
Matutino: 8:30h
Vespertino: 14:30h.

Aguardamos todos os professores Geempianos.
Até lá!!!!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Projeto Pós Alfabetização

Em expectativa de trabalhar e auxiliar a aprendizagem dos alunos já alfabetizados, porém com dificuldades ortográficas, a coordenação do GEEMPA envia à Guarapari materiais de pós alfabetização, como projeto piloto para a prática pedagógica em escolas do município.
Estamos aguardando... Grande expectativa!!!

CURSO INICIAL GEEMPA - Guarapari ES

domingo, 11 de abril de 2010

Entrevista com Esther Pillar Grossi sobre o método pós-construtivista

Aprender é bem mais do que estar informado, defende a educadora Esther Pillar Grossi. Para ela, “aprender é raciocinar, selecionar informações para estabelecer juízos e raciocínios”. Nesse sentido, a internet é um pequeno auxiliar, que não contém a força do aprendizado em si. “Essa força está na condução do professor para que o aluno construa esquemas de pensamento”, disse com exclusividade à IHU On-Line, em entrevista por telefone. Ela critica a falta de embasamento teórico dos professores, que mesclam em sala de aula o empirismo, o inatismo, o construtivismo e o pós-construtivismo. Essa base teórica periclitante, espécie de salada de frutas conceitual, é a responsável em boa parte pelo fracasso escolar, alfinetou. Não restam dúvidas que deve “haver uma reformulação completa na forma de ensinar”.

Graduada em Matemática, Esther tem mestrado pela Sorbonne, em Paris. Em 1970, com mais 49 professores de Porto Alegre, fundou o Grupo de Estudos Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), tornando-se uma liderança na busca de soluções aos grandes problemas da escola pública brasileira. Desde abril de 2002, Grossi coordena, em Porto Alegre, o projeto O prazer de ler e escrever de verdade, realizado pelas ONGs Geempa e Themis, com recursos do Ministério da Educação, e que objetiva a alfabetização de mil mulheres em três meses. Por sua proposta inovadora, a realização do projeto está sendo especialmente acompanhada pela Unesco e pelo Unicef. De sua produção bibliográfica, citamos A coragem de mudar em educação (Petrópolis: Vozes, 2000), Por que ainda há quem não aprende? - A política (São Paulo: Paz e Terra, 2004) e Como areia no alicerce – Os ciclos escolares (São Paulo: Paz e Terra, 2004). Conhecida por pintar seus cabelos de várias cores, Esther Grossi afirma que é mais fácil trocar a cor das madeixas do que mudar a educação e a política.

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Esther Grossi: O método pós-construtivista

Por: Márcia Junges e Patricia Fachin, 10/11/2008

IHU On-Line – Em que consiste a psicogênese?

Esther Grossi - A psicogênese é uma das coisas mais complexas e novas do ensino. Esse é o ponto-chave da questão. Ela é a fatia intermediária da aprendizagem entre o conteúdo científico e o processo do próprio aluno, que ele próprio constrói através de circunstâncias do seu próprio cotidiano. O aluno formula hipóteses sobre aquele campo conceitual. Ensinar nada mais é do que ir ao encontro dessas hipóteses, acolhê-las e depois superá-las. A psicogênese é essa seqüência de passos que um aluno constrói quando quer compreender algo da realidade. A pessoa não compreende esse algo diretamente, com objetividade. Primeiro, é construída alguma coisa meio mítica, meio fantasiosa, mas que é essencial para que se chegue a uma compreensão objetiva.

IHU On-Line – De que maneira esse método contribui para eficiência do aprendizado e enfrenta as lacunas educacionais?

Esther Grossi - Só compreendendo a psicogênese é que será possível ensinar a todos. E, a partir daí, irei ao encontro do que cada aluno pensa e fujo do ensino que ignora o processo do aluno e só pensa nos conteúdos científicos.

IHU On-Line – O que é o método pós-construtivista? De que maneira o método pós-construtivista alicerça as didáticas geempianas para alfabetização e pós-alfabetização?

Esther Grossi - O construtivismo foi concebido por Piaget e tem características essenciais: o conhecimento se constrói, e não é captado de um bloco ou transmitido de fora para dentro. Ele é uma construção. Essa foi a grande descoberta piagetiana. Contudo, Piaget não incorporou profundamente nem o aspecto social, nem o aspecto cultural na sua visão da construção dos conhecimentos. Ele pensava que construíamos os conhecimentos em contato com o objeto do conhecimento. Vygotski, Wallon, Sara Pain e Gerard Vergnaud se deram conta de que o conhecimento, em primeiro lugar, se dá na troca, na interação, como uma essencialidade, e em segundo lugar, na psicogênese sobre a qual acabamos de falar. Portanto, é preciso haver uma reformulação completa na forma de ensinar. O pós-construtivismo é o acréscimo, principalmente, da dimensão social nos fenômenos da aprendizagem.

IHU On-Line – Em que sentido esse método representa um avanço na reformulação dos currículos?

Esther Grossi - Toda vez que esclareço com mais objetividade como algo acontece, isso terá, certamente, efeitos positivos no processo de aprendizagem. Através dessa metodologia, a alfabetização de adultos, por exemplo, é possível em três meses. Crianças não levarão mais do que um ano para se alfabetizarem. Então, a eficácia é muito maior.

IHU On-Line – Recente pesquisa mostrou que o ensino brasileiro é péssimo. A que a senhora atribui esse resultado de fracasso escolar?

Esther Grossi - Ao fato de que as pessoas não colocam como fundamento de sua prática uma base teórica sólida. Os professores misturam inatismo, empirismo, construtivismo e pós-construtivismo. Fazendo essa “salada de frutas”, falta consistência teórica à prática dos professores.

IHU On-Line – No artigo “O inssino no Brasiu è otimo”, a senhora diz que para melhorar o ensino é necessário uma mudança completa no jeito de ensinar. Qual é a sua proposta?

Esther Grossi - Em primeiro lugar, os professores devem se apropriar de uma proposta que seja solidamente embasada. Se esta proposta for calcada no pós-construtivismo, é preciso se apropriar dessa teoria, e, ao mesmo tempo, dessa prática, para depois realmente aplicar isso em sala de aula. Sem base teórica não é possível uma prática eficiente. Para isso, é preciso muita pesquisa e vínculo entre os educadores os pesquisadores.

IHU On-Line – Considerando os índices pífios no ensino brasileiro, qual é o maior desafio quando se trata de alfabetizar a todos?

Esther Grossi - Aplicando o que há de novo, que é a metodologia baseada em Emília Ferreiro e na continuação de seus estudos pelo Geempa, temos condições de solucionar essa “praga” que é a não aprendizagem da leitura e da escrita em nosso país, onde temos 50 milhões de analfabetos adultos.

IHU On-Line – O que a senhora pensa a respeito dos livros didáticos utilizados em nossas escolas? Eles estimulam os alunos a serem participativos e criativos, ou primam por uma repetitividade que não dá sentido ao que deveriam aprender?

Esther Grossi - Os livros didáticos, até hoje, estão baseados em pressupostos equivocados. Eles podem ser uma muleta para o professor, mas a aprendizagem resultante de seu uso é muito pequena. É isso que aparece nas avaliações.

IHU On-Line – E que pressupostos equivocados seriam esses?

Esther Grossi - Seriam os pressupostos inatistas, empiristas. Pensar que o conhecimento já está dentro de nós e é apenas uma questão de maturação, como propõem os inatistas, ou acreditar que todo conhecimento vem de fora e chega até nós através dos sentidos, ao modo dos empiristas, ou ainda pensar que se aprende individualmente em contato com o objeto do conhecimento é uma forma equivocada de entender o processo de aprendizagem.

IHU On-Line – A inserção da internet e de novas tecnologias na escola interferem ou modificam o processo de alfabetização? Como percebe essas ferramentas em sala de aula?

Esther Grossi - A interferência pode ser positiva, com certeza, se o professor não exagerar na solicitação de informações. A internet enriquece as informações, mas aprender é muito mais do que ser informado. Aprender é raciocinar, selecionar informações para estabelecer juízos e raciocínios. Então, a internet pode ser um auxiliar, mas é, indiscutivelmente, um auxiliar pequeno. Ela não tem a força em si. Essa força está na condução do professor para que o aluno construa esquemas de pensamento.


Acesso ao:http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

sábado, 20 de março de 2010

Planejamento Inicial

PLANEJAMENTO PARA A 1ª SEMANA


Meninas, os dias da semana de trabalho segue inicialmente como havíamos combinado em reunião, para experimentação:
2ª, 3ª e 4ª feira. 5ª = dia de estudo, 6ª folga. Se durante o trabalho percebermos que não está funcionando, seguiremos outras instruções de trabalho, ok?!
Então segue o que foi relatado no curso.

1ª semana
1º dia - 22/03 = organizar a sala, arrumar de forma agradável e em grupos de 4 pessoas, preparar bilhete aos pais comunicando as aulas-entrevistas. (Se marcar em média 8 alunos por dia, teremos em um total de 4 dias feito aula-entrevista com 24 crianças, que possívelmente já fecha uma turma de no mínimo 12 crianças, ok?!)

2º dia - 23/03 = aula-entrevista

3º dia - 24/03 = aula-entrevista

4º dia - 25/03 = 1º dia de estudo (material recebido durante o curso). ESCOLHA DO COORDENADOR. NÃO ESQUECER DE REGISTRAR O QUE FOI FEITO E DISCUTIDO NO ESTUDO.
N
2ª semana
1º dia - 29/03 = aula-entrevista

2º dia - 30/03 = aula-entrevista e fechamento da primeira turma, bilhete para reunião de pais para estes alunos, preparar termo de compromisso a ser entregue e preenchido na reunião.

3º dia - 31/03 = reunião com professores, cada um no seu horário, para entregar o levantamento da primeira turma, explanar as situações encontradas nas aulas-entrevistas, nome do coordenador do dia de estudo e outras informações. Entrega dos materiais e jogos aos professores. (Será comunicado oficialmente.)

4º dia - 01/04 = reunião de pais explicando o GEEMPA, objetivo, horários, termo de compromisso, papel da família em enviar os filhos a esse programa. Planejamento da primeira semana. Dia de estudo.

3ª semana 05/04 = início as aulas do GEEMPA.


Obs: Quaquer sugestão, podem enviar por e-mail que vamos analisar, ok?!
Bom trabalho, e...
Confiança, somos capazes!!!!